Post by Abssynto on Jul 31, 2004 20:42:03 GMT -5
BRUJERIA
A aposentadoria depois dos shows no Brasil
Autor do texto: Fernando Souza Filho
Publicação original: Exclusivo do site (julho/2004)
Enquanto os fãs se preparavam para a primeira apresentação do fantástico Brujeria em solo brasileiro (5 e 6/8/2004), a Rock Brigade procurou o vocalista Juan Brujo para dar uma prévia dos shows e acabou obtendo um furo de reportagem: essas devem ser as últimas apresentações do Brujeria ao vivo. Não é pra menos que o conjunto vai registrar em vídeo sua passagem pelo Brasil para soltar em forma de DVD.
Para quem não conhece, o Brujeria é uma banda mexicana formada por esquerdistas meio terroristas que fazem questão de fazer discursos anticapitalistas e, em seus álbuns, colocam imagens de cadáveres de seus inimigos. Bem... Essa é a teoria. Na prática, trata-se de um projeto muito louco e bem-humorado de artistas de bandas como Napalm Death, Fear Factory e Cradle Of Filth.
Os vocalistas Juan Brujo, Pititis (é uma garota!) e Pinche Peach não são conhecidos e pouco se sabe sobre eles. Já por trás de nomes como Hongo (baixo), Asesino (guitarra) e Hongo Jr. (bateria) encontram-se músicos do porte de Shane Embury (Napalm Death), Dino Casares (Fear Factory) e Nick Barker (Cradle Of Filth). Obviamente, eles não revelam as verdadeiras identidades pra ninguém e nós somos tremendos estraga-prazeres em estar contado isso para vocês...
E já que estragamos tudo mesmo, fomos trocar idéia com o vocalista Juan Brujo, criador da banda que, na verdade, trabalha em parceria com um escritório de advocacia em Los Angeles, muitas vezes ajudando mexicanos ilegais no país.
ROCK BRIGADE - É sua primeira vez na América do Sul?
JUAN BRUJO - Sim, é a primeira vez.
RB - O que vocês esperam desta turnê?
BRUJO - Não sei dizer muito bem. Mas acho que vai ser como uma festa que vai durar a semana inteira.
RB - Vocês já aprenderam algumas palavras em português?
BRUJO - Português...?!? Xiii, é mesmo, eu preciso aprender algumas palavras em português para os shows no Brasil. Bem, vou ver o que posso aprender em um mês, mas não vai ser fácil, pois eu sou meio burro e não sei falar direito nem inglês e nem espanhol. Não conheço nada de gramática e meu vocabulário é bem limitado, o que torna difícil a comunicação com algumas pessoas.
RB - Como você se comunica com as pessoas?
BRUJO - Ah, tem muita gente igual a mim, que pega um pouco de cada língua, coloca tudo junto e procura se comunicar do jeito que dá. É o jeito de se virar quando não se tem uma segunda língua. Nós chamamos isso de "spanglish" [N. do R.: spanish + english], a língua que mais se fala no mundo hoje em dia. É fácil porque não tem regras, se você consegue dizer o que quer, então a comunicação está feita.
RB - A Pititis vem para os shows no Brasil?
BRUJO - Não.
RB - Hongo Jr. [ou Nick Barker, ex-Cradle Of Filth, Dimmu Borgir, Lock Up...] já tocou em bandas de diversos estilos diferentes. Como ele se ajustou ao estilo do Brujeria?
BRUJO - Na teoria, ele vai bem. Na prática, porém, ele toca mais devagar. Mas tenho certeza que ele vai tocar mais rápido nos shows do Brasil, pois vai ter que me acompanhar [risos].
RB - Os outros membros se adaptaram rápido?
BRUJO - Alguns membros já tiveram problemas em captar o conceito do Brujeria, pois a banda já ousou coisas que ninguém mais tentou, como lançar álbuns e não divulgar nada sobre o grupo ou sobre os músicos. O problema é que agora algumas pessoas querem tirar as máscaras e transformar o Brujeria em uma banda normal, querem colocá-la no mainstream usando seus próprios nomes para atrair a atenção da mídia. Mas eu não gosto disso, pois é o tipo de coisa que faz o underground perder a força. Eu quero reescrever a regras da indústria da música, não quero que o Brujeria se entregue a isso.
RB - No passado, você criticava muito o "Pito" Wilson [N. do R.: senador da Califórnia que queria leis anti-imigração mais severas]. Agora, vocês tem Arnold Schwarzenegger no governo. Como você vê a cena política califoriana atualmente?
BRUJO - Estou só esperando para ver como Arnold vai foder com a "raza" ["raça", os mexicanos]. E o "Pito"Wilson está no partido do Arnold, mais cedo ou mais tarde ele vai vir com mais alguma de suas idéias malucas. Ele anda quieto demais...
RB - Você ainda faz discursos políticos durante os shows?
BRUJO - Na verdade, só comecei a fazer discursos políticos mesmo a partir de 2003. E, mesmo assim, hoje em dia não há nada extremamente ofensivo para nós que exija esse tipo de postura. Mas há aquelas antigas músicas que são bem políticas e, além disso, qualquer coisa que machuque nosso povo ou nossa cultura vai ser alvo dos ataques do Brujeria.
RB - Você se envolve concretamente com a política?
BRUJO - Não nos Estados Unidos. No momento, penso em começar algo no México, pois as coisas andam calmas demais por lá. Quero colocar fogo na política mexicana [risos]. Mas é melhor não falar sbre isso agora...
RB - Você já matou alguém?
BRUJO - Não. E não aconselho você a perguntar isso a outros membros da banda [risos].
RB - Sabemos que Asesino [Dino Casares] é um tremendo tarado que só pensa nos peitos das groupies. Como vocês lidam com essa tara dele durante as turnês?
BRUJO - Não sei como você obteve essa informação, mas isso realmente é um fato, ele é um tarado [risos]. Mas até hoje o Brujeria só fez 7 shows e nós não temos nem 7 groupies em nossa agenda de telefones [mais risos]. E só você ver a quantidade de beleza masculina que tem nessa banda, vai entender que pouca gente pode competir conosco!
RB - Como vocês protegem suas identidades verdadeiras nos shows e nos hotéis? Ou não existe essa preocupação?
BRUJO - Para mim é fácil, pois ninguém me conhece e ando no meio da platéia numa boa, sem ser notado. É legal ser meio "invisível" assim e, se alguém me pergunta se sou do Brujeria, digo que nem falo "mexicano" [risos].
RB - Como os integrantes mais conhecidos fazem?
BRUJO - Não há muita coisa que se possa fazer, especialmente porque hoje em dia eles fazem questão de dizer para todo mundo que são do Brujeria.
RB - Quando vocês lançaram seu primeiro disco, Matando Gueros, soubemos de uma história que vocês colocavam vendas nos jornalistas que iriam entrevistá-los e os levavam para uma mansão que não podia ser identificada. Isso é verdade?
BRUJO - Hoje eu já posso falar: inventei essa história para enrolar o Monty [Conner, chefão da Roadrunner Records] e criar um clima de mistério para a banda. Mas todo mundo acreditou nessa história, foi uma loucura [risos]. Foi nessa época que começamos a construir a reputação que temos até hoje.
RB - Falando dos velhos tempos, porque vocês escolheram o nome Brujeria para batizar a banda?
BRUJO - Por volta de 1989, estávamos em uma festa em que o Terrorizer estava tocando e notei que todo mundo lá era mexicano. Então, chamei o Asesino e disse que deveríamos montar uma banda extremamente brutal que falasse a língua deles. Teria que ser algo que assustasse as pessoas, por isso, escolhemos Brujeria. Você pode ter ouvido outras histórias sobre a origem do nome, mas só essa é a verdadeira.
RB - Como você vê a polêmica do MP3 e da reprodução ilegal de músicas pela internet?
BRUJO - Eu não tô nem aí, pois o Brujeria é um dos grupos mais pirateados na América Latina. Para mim, é legal ver que as pessoas se interessam pelo grupo até hoje. Não vou perder meu sono por não receber alguns dólares de royalties, porque quando comecei o Brujeria a idéia era não fazer uma banda para ganhar dinheiro. E até hoje esse é o lema do grupo.
RB - Agora, a questão crucial: ouvimos nos bastidores que os shows no Brasil serão os últimos da carreira do Brujeria. Isso é verdade?
BRUJO - Eu não vou dizer que é mentira...
RB - Então, a banda vai mesmo acabar?
BRUJO - Eu tenho muitas idéias legais para um projeto novo que venho tentando concretizar há algum tempo. Mas vai ser algo tão ultra-secreto que será mais difícil de se encontrar do que o primeiro single de 7" do Brujeria ou o primeiro DVD do Brujo. Minha outra opção seria trabalhar com Mel Gibson na parte 2 d'A Paixão de Cristo [risos]. Não sei qual dos dois farei primeiro.
RB - Você está cansado da indústria da música?
BRUJO - Não, pelo contrário. Estou é com novas idéias para promover e comercializar música sem verbas de gravadoras grandes. Já tentei fazer isso no passado, mas esbarrei em problemas de ego e no medo de ser diferente, que deixa algumas pessoas em pânico. Sou da filosofia do "do it yourself" ["faça você mesmo"], acho que o artista deve ter controle sobre sua arte e não fazer algo mecânico, robotizado.
Fonte: www.rockbrigade.com.br.
A aposentadoria depois dos shows no Brasil
Autor do texto: Fernando Souza Filho
Publicação original: Exclusivo do site (julho/2004)
Enquanto os fãs se preparavam para a primeira apresentação do fantástico Brujeria em solo brasileiro (5 e 6/8/2004), a Rock Brigade procurou o vocalista Juan Brujo para dar uma prévia dos shows e acabou obtendo um furo de reportagem: essas devem ser as últimas apresentações do Brujeria ao vivo. Não é pra menos que o conjunto vai registrar em vídeo sua passagem pelo Brasil para soltar em forma de DVD.
Para quem não conhece, o Brujeria é uma banda mexicana formada por esquerdistas meio terroristas que fazem questão de fazer discursos anticapitalistas e, em seus álbuns, colocam imagens de cadáveres de seus inimigos. Bem... Essa é a teoria. Na prática, trata-se de um projeto muito louco e bem-humorado de artistas de bandas como Napalm Death, Fear Factory e Cradle Of Filth.
Os vocalistas Juan Brujo, Pititis (é uma garota!) e Pinche Peach não são conhecidos e pouco se sabe sobre eles. Já por trás de nomes como Hongo (baixo), Asesino (guitarra) e Hongo Jr. (bateria) encontram-se músicos do porte de Shane Embury (Napalm Death), Dino Casares (Fear Factory) e Nick Barker (Cradle Of Filth). Obviamente, eles não revelam as verdadeiras identidades pra ninguém e nós somos tremendos estraga-prazeres em estar contado isso para vocês...
E já que estragamos tudo mesmo, fomos trocar idéia com o vocalista Juan Brujo, criador da banda que, na verdade, trabalha em parceria com um escritório de advocacia em Los Angeles, muitas vezes ajudando mexicanos ilegais no país.
ROCK BRIGADE - É sua primeira vez na América do Sul?
JUAN BRUJO - Sim, é a primeira vez.
RB - O que vocês esperam desta turnê?
BRUJO - Não sei dizer muito bem. Mas acho que vai ser como uma festa que vai durar a semana inteira.
RB - Vocês já aprenderam algumas palavras em português?
BRUJO - Português...?!? Xiii, é mesmo, eu preciso aprender algumas palavras em português para os shows no Brasil. Bem, vou ver o que posso aprender em um mês, mas não vai ser fácil, pois eu sou meio burro e não sei falar direito nem inglês e nem espanhol. Não conheço nada de gramática e meu vocabulário é bem limitado, o que torna difícil a comunicação com algumas pessoas.
RB - Como você se comunica com as pessoas?
BRUJO - Ah, tem muita gente igual a mim, que pega um pouco de cada língua, coloca tudo junto e procura se comunicar do jeito que dá. É o jeito de se virar quando não se tem uma segunda língua. Nós chamamos isso de "spanglish" [N. do R.: spanish + english], a língua que mais se fala no mundo hoje em dia. É fácil porque não tem regras, se você consegue dizer o que quer, então a comunicação está feita.
RB - A Pititis vem para os shows no Brasil?
BRUJO - Não.
RB - Hongo Jr. [ou Nick Barker, ex-Cradle Of Filth, Dimmu Borgir, Lock Up...] já tocou em bandas de diversos estilos diferentes. Como ele se ajustou ao estilo do Brujeria?
BRUJO - Na teoria, ele vai bem. Na prática, porém, ele toca mais devagar. Mas tenho certeza que ele vai tocar mais rápido nos shows do Brasil, pois vai ter que me acompanhar [risos].
RB - Os outros membros se adaptaram rápido?
BRUJO - Alguns membros já tiveram problemas em captar o conceito do Brujeria, pois a banda já ousou coisas que ninguém mais tentou, como lançar álbuns e não divulgar nada sobre o grupo ou sobre os músicos. O problema é que agora algumas pessoas querem tirar as máscaras e transformar o Brujeria em uma banda normal, querem colocá-la no mainstream usando seus próprios nomes para atrair a atenção da mídia. Mas eu não gosto disso, pois é o tipo de coisa que faz o underground perder a força. Eu quero reescrever a regras da indústria da música, não quero que o Brujeria se entregue a isso.
RB - No passado, você criticava muito o "Pito" Wilson [N. do R.: senador da Califórnia que queria leis anti-imigração mais severas]. Agora, vocês tem Arnold Schwarzenegger no governo. Como você vê a cena política califoriana atualmente?
BRUJO - Estou só esperando para ver como Arnold vai foder com a "raza" ["raça", os mexicanos]. E o "Pito"Wilson está no partido do Arnold, mais cedo ou mais tarde ele vai vir com mais alguma de suas idéias malucas. Ele anda quieto demais...
RB - Você ainda faz discursos políticos durante os shows?
BRUJO - Na verdade, só comecei a fazer discursos políticos mesmo a partir de 2003. E, mesmo assim, hoje em dia não há nada extremamente ofensivo para nós que exija esse tipo de postura. Mas há aquelas antigas músicas que são bem políticas e, além disso, qualquer coisa que machuque nosso povo ou nossa cultura vai ser alvo dos ataques do Brujeria.
RB - Você se envolve concretamente com a política?
BRUJO - Não nos Estados Unidos. No momento, penso em começar algo no México, pois as coisas andam calmas demais por lá. Quero colocar fogo na política mexicana [risos]. Mas é melhor não falar sbre isso agora...
RB - Você já matou alguém?
BRUJO - Não. E não aconselho você a perguntar isso a outros membros da banda [risos].
RB - Sabemos que Asesino [Dino Casares] é um tremendo tarado que só pensa nos peitos das groupies. Como vocês lidam com essa tara dele durante as turnês?
BRUJO - Não sei como você obteve essa informação, mas isso realmente é um fato, ele é um tarado [risos]. Mas até hoje o Brujeria só fez 7 shows e nós não temos nem 7 groupies em nossa agenda de telefones [mais risos]. E só você ver a quantidade de beleza masculina que tem nessa banda, vai entender que pouca gente pode competir conosco!
RB - Como vocês protegem suas identidades verdadeiras nos shows e nos hotéis? Ou não existe essa preocupação?
BRUJO - Para mim é fácil, pois ninguém me conhece e ando no meio da platéia numa boa, sem ser notado. É legal ser meio "invisível" assim e, se alguém me pergunta se sou do Brujeria, digo que nem falo "mexicano" [risos].
RB - Como os integrantes mais conhecidos fazem?
BRUJO - Não há muita coisa que se possa fazer, especialmente porque hoje em dia eles fazem questão de dizer para todo mundo que são do Brujeria.
RB - Quando vocês lançaram seu primeiro disco, Matando Gueros, soubemos de uma história que vocês colocavam vendas nos jornalistas que iriam entrevistá-los e os levavam para uma mansão que não podia ser identificada. Isso é verdade?
BRUJO - Hoje eu já posso falar: inventei essa história para enrolar o Monty [Conner, chefão da Roadrunner Records] e criar um clima de mistério para a banda. Mas todo mundo acreditou nessa história, foi uma loucura [risos]. Foi nessa época que começamos a construir a reputação que temos até hoje.
RB - Falando dos velhos tempos, porque vocês escolheram o nome Brujeria para batizar a banda?
BRUJO - Por volta de 1989, estávamos em uma festa em que o Terrorizer estava tocando e notei que todo mundo lá era mexicano. Então, chamei o Asesino e disse que deveríamos montar uma banda extremamente brutal que falasse a língua deles. Teria que ser algo que assustasse as pessoas, por isso, escolhemos Brujeria. Você pode ter ouvido outras histórias sobre a origem do nome, mas só essa é a verdadeira.
RB - Como você vê a polêmica do MP3 e da reprodução ilegal de músicas pela internet?
BRUJO - Eu não tô nem aí, pois o Brujeria é um dos grupos mais pirateados na América Latina. Para mim, é legal ver que as pessoas se interessam pelo grupo até hoje. Não vou perder meu sono por não receber alguns dólares de royalties, porque quando comecei o Brujeria a idéia era não fazer uma banda para ganhar dinheiro. E até hoje esse é o lema do grupo.
RB - Agora, a questão crucial: ouvimos nos bastidores que os shows no Brasil serão os últimos da carreira do Brujeria. Isso é verdade?
BRUJO - Eu não vou dizer que é mentira...
RB - Então, a banda vai mesmo acabar?
BRUJO - Eu tenho muitas idéias legais para um projeto novo que venho tentando concretizar há algum tempo. Mas vai ser algo tão ultra-secreto que será mais difícil de se encontrar do que o primeiro single de 7" do Brujeria ou o primeiro DVD do Brujo. Minha outra opção seria trabalhar com Mel Gibson na parte 2 d'A Paixão de Cristo [risos]. Não sei qual dos dois farei primeiro.
RB - Você está cansado da indústria da música?
BRUJO - Não, pelo contrário. Estou é com novas idéias para promover e comercializar música sem verbas de gravadoras grandes. Já tentei fazer isso no passado, mas esbarrei em problemas de ego e no medo de ser diferente, que deixa algumas pessoas em pânico. Sou da filosofia do "do it yourself" ["faça você mesmo"], acho que o artista deve ter controle sobre sua arte e não fazer algo mecânico, robotizado.
Fonte: www.rockbrigade.com.br.